ICE recebe dados de passageiros aéreos para expandir deportação
- Rádio Manchete USA

- há 5 horas
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NOVA YORK - O governo do presidente Donald Trump está fornecendo os nomes de todos os passageiros aéreos aos funcionários da imigração, expandindo substancialmente o uso do compartilhamento de dados para expulsar pessoas sob ordens de deportação.
De acordo com o programa, anteriormente não divulgado, a Administração de Segurança nos Transportes (TSA) fornece ao ICE, várias vezes por semana, uma lista dos passageiros que passarão pelos aeroportos. A agência então compara as informações com seu próprio banco de dados de pessoas sujeitas à extradição e envia agentes para detê-las nos portões de embarque.
Não está claro quantas prisões foram feitas como resultado da colaboração. Mas documentos obtidos pelo jornal The New York Times mostram que o caso de Any Lucía López Belloza foi uma delas. A estudante universitária foi detida no Aeroporto Logan de Boston em 20 de novembro e deportada para Honduras dois dias depois.
Any, de 19 anos, tinha uma ordem de deportação de 2018. Apesar disso, ela disse que não sabia da situação e vivia no país sem problemas, inclusive era caloura de administração no Babson College.
As coisas mudaram em 20 de novembro, quando Any chegou ao Aeroporto Logan de Boston a caminho do Texas. Ela passou pela segurança com seu passaporte hondurenho sem incidentes, disse ela, e chegou ao portão de embarque com antecedência suficiente para tomar um café.
Na hora de embarcar, porém, sua passagem não funcionou. Na segunda vez em que foi escaneada, ela percebeu um X na tela do computador do agente, que lhe disse para ir ao atendimento ao cliente para descobrir o que estava acontecendo.
“Ah, você é a Any”, disse um dos agentes federais que a aguardavam, contou a hondurenha. Registros internos mostram que ela foi inicialmente detida por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) dos EUA.
“Ele disse: ‘Bem, você vem conosco. Você vai preencher um monte de papelada’”, lembrou ela. “Eu respondi: ‘Bem, eu tenho que embarcar no avião por isso preciso partir agora mesmo’. E ele disse: ‘Bem, acho que você nem vai conseguir embarcar nesse voo’”.
O caso de Any ganhou publicidade em parte porque ela não tinha antecedentes criminais. A jovem estava a caminho de casa para passar o Dia de Ação de Graças com sua família, incluindo ir à igreja e jantar juntos. Era uma viagem surpresa.
Agora, em Honduras, ela está tentando descobrir uma maneira de se transferir para outra faculdade. Ela sente falta de ir à igreja com a família, de uma rede de supermercados do Texas e da comida da mãe, disse ela.
Ativistas criticaram o programa de deportação do aeroporto, considerando-o uma forma de intimidar os imigrantes.
"Esta é mais uma tentativa de aterrorizar e punir comunidades e fará com que as pessoas tenham medo de sair de casa por receio de serem detidas injustamente e desaparecerem do país antes de terem a oportunidade de contestar a detenção", ressaltou Robyn Barnard, diretora sênior de defesa dos refugiados da Human Rights First.
Documentos obtidos pelo NYT apontam que a prisão de Any envolveu um escritório do ICE na Califórnia que desempenha um papel fundamental no programa do aeroporto. O Pacific Enforcement Response Center envia dicas para oficiais de imigração em todo o país e solicita às prisões locais que detenham imigrantes. Registros mostram que o escritório sinalizou as informações de voo dela para os oficiais do ICE em Boston.
O documento detalha como isso faz parte de uma colaboração “com a Administração de Segurança nos Transportes para enviar pistas acionáveis ao campo sobre estrangeiros com uma ordem final de remoção que parecem ter um voo iminente agendado”.
Um ex-funcionário sênior do ICE com conhecimento do programa aeroportuário disse que o escritório da Califórnia frequentemente enviava várias dicas por dia sobre possíveis detidos em aeroportos da região onde trabalhava. Os agentes do ICE recebiam o número do voo e a hora de partida do passageiro, bem como uma foto do alvo — às vezes apenas algumas horas antes da decolagem do avião.
"O programa é particularmente eficaz porque permite ao ICE deportar rapidamente aqueles que são presos", observou o ex-funcionário.
A prisão de Any não é a única do programa que chamou a atenção da mídia.
No final de outubro, Marta Brizeyda Renderos Leiva, uma mulher de El Salvador, foi presa no aeroporto de Salt Lake City. Contra Marta, também havia uma ordem final de deportação. O vídeo da prisão mostra ela gritando enquanto os agentes a retiravam do aeroporto.
Registros internos obtidos pelo The Times mostram que as informações de voo de Leiva também foram repassadas aos agentes locais pelo escritório da Califórnia.
Com informações do The New York Times

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