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Trump relaciona autismo ao Tylenol e às vacinas sem apresentar evidências científicas


Trump disse que FDA vai orientar médicos sobre a prescrição da medicação para grávidas
Trump disse que FDA vai orientar médicos sobre a prescrição da medicação para grávidas

WASHINGTON - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, associou o autismo às vacinas infantis e também ao uso do popular analgésico Tylenol por mulheres grávidas e crianças, alegações que não são respaldadas por décadas de ciência.


O conselho de Trump durante uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 22, vai contra as sociedades médicas, que citam dados de vários estudos que mostram que o paracetamol desempenha um papel seguro no bem-estar das mulheres grávidas.


"Quero dizer as coisas como elas são: não tomem Tylenol. Não tomem. Lutem como o inferno para não tomá-lo. Pode ser que haja um momento em que você precise tomar, e isso você terá que resolver consigo mesma, portanto, não tome Tylenol", insistiu Trump.


Ao lado do secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., um crítico de vacinas que tem argumentado que os imunizantes não são seguros, Trump pediu um reavaliação da ligação entre vacinas e autismo.


"Acreditamos que a ciência independente e sólida mostra claramente que tomar paracetamol não causa autismo. Discordamos veementemente de qualquer sugestão em contrário e estamos profundamente preocupados com o risco à saúde que isso representa para as gestantes", disse a Kenvue, fabricante do Tylenol, em um comunicado antes do anúncio.


As ações da Kenvue caíram mais de 7% durante o pregão desta segunda-feira, enquanto os investidores se preparavam para o anúncio de Trump. No entanto, as ações se recuperaram em 5% no pós-mercado.


Trump disse que acredita muito em vacinas, tendo liderado em seu primeiro mandato a iniciativa pandêmica para acelerar o desenvolvimento da vacina contra a Covid-19. Ainda assim, ele pediu a remoção do mercúrio das vacinas e disse que as crianças não devem tomar a vacina contra a hepatite B antes dos 12 anos de idade. Ela é administrada nas primeiras 24 horas após o nascimento.


O presidente também avaliou que a vacina combinada contra sarampo, caxumba e rubéola deveria ser dividida em três vacinas separadas.


Nos últimos 50 anos, estima-se que as vacinas essenciais tenham salvado pelo menos 154 milhões de vidas, disse o presidente-executivo do Unicef USA, Michael J. Nyenhuis.


Apenas um em cada quatro norte-americanos acredita que as recentes recomendações do governo Trump para a redução do número de vacinas foram baseadas em fatos e evidências científicas, segundo uma pesquisa Reuters/Ipsos realizada este mês.


"Não posso dizer que já tenha experimentado algo parecido com isso em vacinas", disse o dr. Norman Baylor, ex-diretor do Escritório de Pesquisa e Revisão de Vacinas da (FDA, na sigla em inglês).


FALTA DE EVIDÊNCIAS

Os cientistas afirmam que não há evidências sólidas de uma ligação entre o uso do Tylenol e o autismo. Um estudo realizado em 2024 com quase 2,5 milhões de crianças na Suécia não encontrou nenhuma ligação causal entre a exposição in utero ao paracetamol e os distúrbios do desenvolvimento neurológico.


Uma revisão de 2025 de 46 estudos anteriores sugeriu uma relação entre a exposição pré-natal ao paracetamol e o aumento dos riscos dessas condições, mas os pesquisadores da Icahn School of Medicine at Mount Sinai, da Universidade de Harvard e outros disseram que o estudo não prova que o medicamento causou os resultados. Eles aconselharam que as mulheres grávidas continuem a usar o paracetamol conforme necessário, na menor dose possível e pelo menor período possível.


O Tylenol é fabricado pela empresa Kenvue, que foi desmembrada da Johnson & Johnson em 2023, e versões genéricas do paracetamol também estão disponíveis. Em nota, a empresa disse discordar da afirmação de Trump e destacou que "não há base científica".


** Com Reuters **

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