Trump vai impor taxa de US$100 mil para vistos H-1B
- Rádio Manchete USA

- 20 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de set.

WASHINGTON - O governo dos Estados Unidos afirmou nesta sexta-feira, 19, que pedirá às empresas que paguem US$ 100 mil para obter vistos H-1B, o que pode representar um grande golpe para o setor de tecnologia, que depende muito de trabalhadores qualificados da Índia e da China.
Um funcionário da Casa Branca afirmou que trata-se de uma "taxa única" e não anual como o presidente Donald Trump deixou a entender no momento do anúncio. Além disso, o valor será aplicado somente a novos vistos e não aos atuais portadores do benefício ou a renovações.
Desde que assumiu o cargo em janeiro, Trump deu início a uma ampla repressão à imigração, incluindo medidas para limitar algumas formas de imigração legal. A medida para remodelar o programa de visto H-1B representa o esforço mais conhecido de seu governo para reformular os vistos de emprego temporário.
"Se você for treinar alguém, treine um dos recém-formados de uma das grandes universidades do nosso país. Treine norte-americanos. Pare de trazer pessoas para ocupar nossos empregos", disse o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
A ameaça de Trump de reduzir os vistos H-1B se tornou um grande ponto de conflito com o setor de tecnologia, que contribuiu com milhões de dólares para sua campanha presidencial.
Os críticos do programa, incluindo muitos trabalhadores do setor de tecnologia dos EUA, argumentam que ele permite que as empresas reduzam os salários e deixem de lado os norte-americanos que poderiam fazer os trabalhos.
Por outro lado, os defensores, inclusive o presidente-executivo da Tesla e ex-aliado de Trump, Elon Musk, dizem que o programa traz trabalhadores altamente qualificados, essenciais para preencher as lacunas de talentos e manter as empresas competitivas. Musk, ele próprio um americano naturalizado nascido na África do Sul, já teve um visto H-1B.
Talentos Globais
O acréscimo de novas taxas "cria um desestímulo para atrair os talentos mais inteligentes do mundo para os EUA", disse Deedy Das, sócio da empresa de capital de risco Menlo Ventures, no X. "Se os EUA deixarem de atrair os melhores talentos, isso reduzirá drasticamente sua capacidade de inovar e fazer a economia crescer."
A medida poderia acrescentar milhões de dólares em custos para as empresas, o que poderia afetar especialmente as empresas de tecnologia menores e as start-ups.
A Reuters não conseguiu estabelecer imediatamente como a taxa seria administrada. Lutnick disse que o visto custaria US$100.000 por ano para cada um dos três anos de sua duração, mas que os detalhes "ainda estão sendo considerados".
Alguns analistas sugeriram que a taxa pode forçar as empresas a transferir alguns trabalhos de alto valor para o exterior, prejudicando a posição dos Estados Unidos na corrida estratégica pela liderança em inteligência artificial com a China.
"No curto prazo, Washington pode ganhar uma bolada; no longo prazo, os EUA correm o risco de tributar sua vantagem inovadora, trocando dinamismo por protecionismo míope", disse Jeremy Goldman, analista da eMarketer.
Cerca de dois terços dos empregos garantidos pelo programa H-1B são relacionados à informática, segundo dados do governo, mas os empregadores também usam o visto para trazer engenheiros, educadores e profissionais da área de saúde.
Índia
A Índia foi o maior beneficiário dos vistos H-1B no ano passado, respondendo por 71% dos beneficiários aprovados, enquanto a China ficou em um distante segundo lugar, com 11,7%, de acordo com dados do governo.
No primeiro semestre de 2025, a Amazon.com e sua unidade de computação em nuvem, a AWS, receberam aprovação para mais de 12 mil vistos H-1B, enquanto a Microsoft e a Meta tiveram mais de 5 mil aprovações de vistos H-1B cada.
Lutnick disse nesta sexta-feira que "todas as grandes empresas estão de acordo" com os vistos H-1B de US$100 mil por ano.
"Já conversamos com elas", disse ele.
Muitas das grandes empresas de tecnologia, bancos e consultorias dos EUA não quiseram comentar ou não responderam imediatamente às solicitações de comentários. A embaixada da Índia em Washington e o Consulado Geral da China em Nova York também não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
** Com Reuters **

.png)



Comentários