Brasileira mãe do sobrinho da porta-voz de Trump presa pelo ICE está sem falar com o filho
- Rádio Manchete USA

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WASHINGTON - O jornal The Washington Post fez uma entrevista exclusiva com a brasileira Bruna Ferreira, mãe do sobrinho da porta-voz de Donald Trump, Karoline Leavitt, que segue presa após ter sido detida há quase um mês pelo ICE.
Diretamente do centro de detenção onde ela está na Louisiana, Bruna conta que não fala com o filho de 11 anos desde que foi levada por agentes na tarde do dia 12 de novembro, apesar de várias tentativas de contato por meio do ex-noivo, Michael Leavitt.
Pouco antes de ser presa, ela havia deixado a criança na escola, em New Hampshire, onde ele mora com o pai, com a promessa de buscá-lo no fim do dia.
"A imagem do meu filho me esperando na fila do transporte escolar e não ter ninguém para buscá-lo é algo que não sai da minha cabeça. É muito triste que as coisas tenham acontecido dessa forma", relembrou ela, às lágrimas, expondo o medo de ser enviada ao Brasil e de não conseguir ver o filho por anos: "Ele precisa de mim agora, que eu o coloque na cama e o leve para fazer compras de Natal. Ele não precisa de mim daqui a 20 anos".
Diferente do que afirma o governo Trump, os documentos judiciais mostram que diversos juízes determinaram ao longo da última década que o casal compartilhasse a guarda de Michael e resolvesse suas diferenças fora dos tribunais.
A brasileira também chamou as declarações do governo Trump, de que ela nunca morou com o filho, de falsas e “repugnantes”.
A brasileira deu à luz seu filho em março de 2014. Meses depois, o casal terminou o noivado e a batalha pela guarda do filho logo se tornou acirrada. No tribunal, o ex-casal trocou acusações de abuso e negligência. Ela o acusou de ter lhe feito ameaças de deportação.
Em abril de 2015, Leavitt entrou com um pedido de guarda principal do filho em um tribunal de New Hampshire, alegando que Bruna o havia empurrado durante uma discussão quando o casal viajou para a Flórida. Contou que ela voltou para casa sem ele, buscou a criança na casa dos avós e ameaçou levá-lo para o Brasil.
A brasileira desmente as acusações e, em documentos judiciais, acusou Leavitt de abuso, afirmando que, no dia do seu chá de bebê, ele a empurrou embriagado, socou paredes e quebrou portas. Michael também negou tudo.
O The Washington Post destaca que em abril de 2020, Bruna retornou ao tribunal alegando que Michael Leavitt lhe devia milhares de dólares em pensão alimentícia e se recusava a deixá-la passar tempo com o filho.
Ela também afirmou que Michael Leavitt havia usado intimidação com base em seu status imigratório para impedi-la de visitar o menino. Ele negou as alegações nos autos do processo.
Dias depois, a juíza do tribunal de família, Polly Hall, ordenou que Leavitt compartilhasse a guarda, conforme exigido pelo plano parental.
Em 2021, o casal concordou que o filho moraria com o pai durante a semana enquanto frequentava a escola em New Hampshire. Ferreira o visitaria e o levaria para casa na maioria dos fins de semana. Ela também tinha permissão para levá-lo ao Brasil durante as férias de verão e para obter a dupla cidadania brasileira para ele, conforme mostram os documentos do processo.
Desde que a brasileira foi presa pelos agentes do ICE, o gabinete de imprensa da Casa Branca tem a retratado como uma mãe ausente que não fazia parte da vida de Karoline Leavitt há anos.
Em mensagens trocadas com o "Post", o irmão dela Michael Leavitt, de 35 anos, corroborou as declarações e afirmou que Bruna nunca morou com o filho.
No entanto, em documentos judiciais que ele apresentou em New Hampshire em 2015, ele escreveu que compartilhavam uma casa e os registrou no mesmo endereço. Bruna Ferreira também mencionou o apartamento que dividiam em um artigo de jornal local de 2014.
Michael Leavitt não aceitou dar entrevista ao The Washington Post, porém trocou algumas mensagens de texto com os jornalistas responsáveis pela reportagem. Negou ter qualquer envolvimento com a detenção dela e que não queira que o filho tenha uma relação com a mãe.
"Não tive qualquer envolvimento no fato de ela ter sido detida pela polícia. Não tenho controle sobre isso e não tive qualquer participação nisso. (...) Quero que meu filho tenha um relacionamento com a mãe, como sempre demonstrei".
Questionada sobre sua relação com Karoline, a porta-voz da Casa Branca e ex-cunhada, Bruna diz que elas não são "melhores amigas", mas que não é verdade que as duas não têm contato há anos. Ela, inclusive, a escolheu para ser madrinha do filho.
Dreamer
Moradora de Massachusetts há muitos anos, Bruna Ferreira chegou aos Estados Unidos em 1998, aos 6 anos de idade, para se juntar aos pais, após ter sido criada pela avó no Brasil. Em 2012, tornou-se elegível para um programa da era Obama destinado a imigrantes indocumentados que chegaram ao país ainda crianças.
Na entrevista que deu ao jornal americano, a brasileira contou que, antes da prisão, sua rotina consistia em trabalhar administrando suas duas empresas - de limpeza e de roupas -, frequentar aulas de ioga e passar tempo com o filho. Que o leva para a escola, torce por ele em seus jogos esportivos e mantém seu quarto cheio de ursinhos de pelúcia, videogames e luvas de boxe, “tudo o que um menino precisa”.
De acordo com os advogados de defesa de Bruna, Michael e o pai, Bob Leavitt, disseram à irmã dela nas últimas semanas que Ferreira deveria se "autodeportar" e tentar retornar legalmente, uma medida que, segundo seus advogados, seria desastrosa: de acordo com a lei federal, a brasileira ficaria proibida de retornar aos EUA por uma década.
"É uma armadilha", garante o advogado dela, Todd C. Pomerleau.
**Com informações do Post **

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