Cartéis recrutam jovens americanos pelas redes sociais para contrabandear imigrantes nos EUA
- Rádio Manchete USA

- 30 de set.
- 3 min de leitura

NOVA YORK - Milhares de jovens americanos têm sido recrutados por cartéis via redes sociais para contrabandear produtos e, principalmente, imigrantes ilegais, da fronteira com o México para os Estados Unidos nos últimos anos. As pessoas contratadas para realizar esses serviços respondem a anúncios que encontram facilmente na internet, nos quais criminosos prometem milhares de dólares, em pagamento rápido, por um serviço que parece simples: dirigir.
Uma investigação de seis meses da CNN revelou centenas de postagens de recrutamento no Facebook, TikTok e Snapchat — algumas em espanhol, mas muitas em inglês. Os recrutados geralmente são jovens adultos entre 18 e 25 anos. Entre eles, não há um perfil específico.
Vicki Brambl, defensora pública federal assistente em Tucson, Arizona, afirmou que certos fatores de risco — como antecedentes criminais, uso de drogas ou ter crescido em uma família de baixa renda — podem aumentar a probabilidade de alguém se envolver com contrabando. Mas, em um caso, o filho de um policial local estava envolvido.
"Qualquer um pode ser um alvo", diz Brambl, que supervisionou dezenas de casos de contrabando. Muitos recrutados estão desesperados e veem pilhas de dinheiro anunciadas nas redes sociais como uma saída ou um risco que vale a pena correr. Segundo Brambl, muitas dessas pessoas não têm maturidade ou discernimento para perceber os perigos.
As publicações analisadas pela CNN, que contêm anúncios de trabalhos de contrabando, seguem alguns padrões e terminologias veladas. A palavra "contrabandista" quase nunca aparece. Os recrutadores usam termos como "motoristas", "choferes" ou "táxis". Emojis de táxi ou carro tentam atrair motoristas. Os posts às vezes também incluem emojis de galinha para indicar "pollos", gíria espanhola usada para se referir a imigrantes.
Essas estratégias servem para contornar as restrições de moderação de conteúdo nas principais plataformas, que têm enfrentado tentativas difusas de reprimir conteúdo relacionado ao narcotráfico. Por outro lado, para garantir que as postagens sejam destacadas nos feeds de usuários, os cartéis usam hashtags populares, como #fyp (para sua página) e #viral, além de marcar locais em centros populacionais ao longo da fronteira entre os EUA e o México.
Depois de estabelecer comunicação nas principais redes sociais, o recrutador geralmente transfere a conversa para o WhatsApp, que conta com criptografia de ponta a ponta e possibilita o rastreio de pessoas em tempo real.
Em seguida, segundo policiais e recrutadores no Arizona e no Texas, o contrabandista viaja horas ou até dias para obter coordenadas enviadas por seu recrutador anônimo — alguns de lugares tão distantes da fronteira quanto Nova York ou Seattle. Os coordenadores podem usar a localização em tempo real para monitorar seus motoristas no caminho — e postar capturas de tela para incentivar possíveis recrutas.
No local de embarque, geralmente em uma estrada de terra remota, contaram os advogados à CNN, um grupo de imigrantes entra no carro. O que acontece em seguida depende do acaso: alguns motoristas são presos, outros chegam aos locais de desembarque em Phoenix ou Tucson, desviando de leitores de placas e postos de controle por rodovias desertas. Por fim, alguns conseguem simplesmente burlar a lei, "comprando" policiais que atuam nos postos de controle. Agências federais já admitiram que vários de seus agentes ajudaram a facilitar o contrabando nos últimos anos.
Recentemente, o incentivo para que os jovens americanos se envolvam neste esquema tem aumentado. Com a queda nas travessias ilegais de fronteira em meio à repressão do governo do presidente americano Donald Trump, o preço para transportar pessoas aumentou drasticamente, e pagamentos maiores estão disponíveis para motoristas, de acordo com um recrutador ativo e um ex-agente federal.
Em entrevista à CNN, um agente sênior do Cartel de Sinaloa, responsável por direcionar o fluxo de imigrantes e drogas no sul do Arizona, relatou que vários de seus associados foram presos desde que Trump assumiu o cargo. Ele disse que também pode ser preso, mas que isso não interromperia o negócio.
"As pessoas ainda vão trazer coisas" para os EUA, afirmou ele, acrescentando que achava que o foco do governo estava equivocado. "(Trump) quer brigar com os mexicanos, com outros... mas o problema está aqui".
Ele contou que começou a trabalhar para o cartel de Sinaloa, no México, anos atrás, contrabandeando maconha para sustentar sua família. Agora, ele considera fazer uma escolha diferente. "No vale la pena", diz ele: trabalhar para o cartel não vale o risco.
** Com Agências **

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