Hamas e Israel confirmam primeira fase de acordo para acabar guerra em Gaza
- Rádio Manchete USA

- 9 de out.
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WASHINGTON - O grupo palestino Hamas confirmou nesta quarta-feira, 8, que a primeira fase de um acordo com Israel para encerrar a guerra em Gaza foi alcançada e "encerrará a guerra em Gaza, garantirá a retirada completa das forças de ocupação, permitirá a entrada de ajuda humanitária e implementará a troca de prisioneiros".
O Hamas agradeceu ao Catar, Egito, Turquia e ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por seus esforços de mediação e pediu que as autoridades internacionais garantam "que o governo de ocupação israelense cumpra integralmente os termos do acordo".
"Jamais abandonaremos os direitos nacionais do nosso povo até que a liberdade, a independência e a autodeterminação sejam alcançadas", acrescentou o Hamas.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, divulgou uma declaração comemorando a perspectiva de libertação dos reféns e chamando a primeira fase do acordo de paz como "um grande dia para Israel".
Ele afirmou que convocará o governo israelense nesta quinta (09) para aprovar o acordo e "trazer todos os nossos queridos reféns para casa".
Uma vez aprovado o acordo pelo gabinete israelense, o que deve ocorrer por volta de 14h de quinta no horário de Jerusalém (8h da manhã em Brasília), Israel deverá recuar sua ofensiva para uma linha previamente acordada, e o cessar-fogo começará.
A retirada deve levar menos de 24 horas, informou um funcionário de alto escalão da Casa Branca à CBS.
Após a saída de Israel, começa o prazo de 72 horas para a libertação dos reféns israelenses. Nos bastidores, a Casa Branca calcula que a libertação possa acontecer na próxima segunda-feira (13).
Uma fonte palestina disse que o Hamas ainda não recebeu a lista final de prisioneiros palestinos que Israel planeja libertar em troca dos reféns israelenses em Gaza.
A fonte disse que o atraso está ligado à pressão dentro de Israel sobre as identidades de algumas das pessoas que o Hamas quer libertar. No entanto, esforços estão em andamento para resolver a questão em poucas horas.
O jornal israelense Haaretz também citou fontes do país dizendo que o acordo não especificou os nomes dos palestinos a serem soltos.
Netanyahu agradeceu às tropas israelenses e a Donald Trump "pela mobilização para esta missão sagrada de libertar nossos reféns".
Plano de Paz
O plano de paz foi apresentado por Trump no último dia 29 com a presença de Netanyahu. Embora o Hamas já tivesse dado sinais recentes de concordância, sua aceitação ainda estava pendente.
Pouco antes das manifestações de Israel e do Hamas, Trump já havia anunciado nesta quarta que "Israel e Hamas assinaram a primeira fase" de um plano de paz.
"Isso significa que TODOS os reféns serão libertados muito em breve e Israel retirará suas tropas para uma linha negociada", comemorou Trump na rede Truth Social.
Em entrevista à Fox News, o republicano afirmou que Gaza será reconstruída e que haverá "riqueza a ser gasta" no território palestino.
O presidente americano está "considerando viajar para o Oriente Médio" nos próximos dias, de acordo com a Casa Branca.
Mediadores dos EUA, Egito e Catar vinham há tempos tentando negociar um cessar-fogo em Gaza e a libertação de reféns israelenses ainda mantidos pelo Hamas, em troca da soltura de prisioneiros palestinos.
O Ministério das Relações Exteriores do Catar também confirmou que um acordo para a primeira fase do plano de paz para Gaza foi alcançado.
"Os mediadores anunciam que hoje à noite foi alcançado um acordo sobre todas as disposições e mecanismos de implementação da primeira fase do acordo de cessar-fogo em Gaza, que levará ao fim da guerra, à libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos e à entrada de ajuda", publicou um porta-voz do ministério catari na rede social X.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou que as Nações Unidas (ONU) apoiarão a "implementação plena" do acordo, bem como aumentarão a entrega de ajuda humanitária e participarão dos esforços de reconstrução em Gaza.
Guterres também instou todas as partes a cumprirem o acordo.
"O sofrimento precisa acabar", afirmou.
"Exorto todas as partes interessadas a aproveitarem esta oportunidade crucial para estabelecer um caminho político confiável rumo ao fim da ocupação, reconhecendo o direito à autodeterminação do povo palestino, levando a uma solução de dois Estados para permitir que israelenses e palestinos vivam em paz e segurança."
O acordo ocorre dois anos após Israel lançar uma ofensiva em Gaza em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023 — no qual homens armados comandados pelo Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas e fizeram outras 251 reféns em Israel.
Desde então, pelo menos 67.183 pessoas foram mortas em operações militares israelenses em Gaza segundo o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas.
Comemorações em Gaza e em Israel
Imagens noturnas publicadas no Instagram pelo jornalista palestino Saeed Mohamed mostram uma multidão de homens e mulheres dançando ao som de música, assobiando, batendo palmas e gritando "Allahu Akbar" ("Deus é o maior") do lado de fora do hospital de Al-Aqsa, na cidade central de Deir al-Balah.
Outro vídeo, do jornalista Mohammed al-Haddad, mostra um grupo menor de jovens dançando em uma rua, em outra área de Gaza.
Em Israel, ex-reféns e familias de reféns reagiram à notícia do acordo.
Eli Sharabi, cuja esposa e filhos foram mortos e cujo corpo do irmão Yossi está sob custódia do Hamas, postou: "Grande alegria, mal posso esperar para ver todos em casa."
A mãe do refém Matan Zangauker disse no X: "Matan retorna para casa, para mim... para você, para o país. Por essas lágrimas, eu rezei."
A mãe do refém Nimrod Cohen postou: "Meu filho, você está voltando para casa."
A ex-refém britânico-israelense Emily Damari comemorou com a ex-refém Romi Gonen, recitando orações de gratidão e brindando com "L'chaim", que significa "à vida".
Damari tem feito campanha pela libertação de seus amigos, os gêmeos Gali e Ziv Berman.
O irmão deles, Liran Berman, postou: "Meus Gali e Ziv, eu amo muito vocês. Vocês estão voltando para casa."
** Com BBC **

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