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Mãe de brasileiro detido alerta sobre abusos em presídio do ICE


Brasileiro foi preso num canteiro de obras em Vermont em ação do patrulha de fronteira
Brasileiro foi preso num canteiro de obras em Vermont em ação do patrulha de fronteira

BOSTON – Um voo com deportados dos Estados Unidos em direção à América do Sul com destino final em Belo Horizonte retornou ao Texas no início da semana passada, após uma suposta falha técnica na aeronave e todos os imigrantes foram alojados num centro de detenção, revelando mais uma série de abusos nas prisões administradas pelo ICE desde janeiro.


A informação sobre o retorno do avião foi dada a mãe de um brasileiro através da Divisão de Assistência Consular do Brasil. Nunes (nome fictício criado para a proteção do jovem detido), de 21 anos, foi preso num canteiro de obras em Vermont. Ele estava com a permanência vencida e sua fiança foi negada em Corte. A família pagou US$ 4 mil a um advogado que não teve sucesso no caso.


Vivendo há 1,8 ano em Massachusetts, o jovem viu seu sonho americano ruir quando oito viaturas da patrulha de fronteira cercaram o local onde trabalhava, atendendo ao chamado da namorada de um dos empregados da obra. Uma discussão de casal se transformou no pesadelo de sete pessoas.


Depois de passar por diversos presídios, Nunes embarcou num voo que seguiria para o aeroporto de Confins mas retornou da Venezuela para o Texas com parada em Porto Rico. Segundo a Divisão Consular do Brasil, a aeronave apresentou problemas técnicos.


Depois de passar dias sem saber o paradeiro do filho, a mãe do jovem resolveu contar o drama narrado por Nunes em vários telefonemas. “Eles passam mal, não comem. Não têm onde tomar banho”, disse.


Ela alerta para casos "potencialmente mortais", os testemunhos relatam abusos físicos, assédio verbal e tratamento degradante. “Eles são obrigados a ficar pelados para revistas íntimas.”


No domingo, 2, Nunes conseguiu fazer nova ligação para os pais, contando que está junto a outros 150 brasileiros no US Border Patrol Central Processing Center, no Texas.


Segundo ela, todos estão sem acesso a banho, sem escovar os dentes, sem comida, sem água para beber. Dormindo no chão, sem colchão e num ambiente com muito calor.


Na terça-feira, 4, a brasileira escreveu uma carta para a imprensa expondo seu medo.


“Escrevo esta carta como mãe, cidadã brasileira e representante de tantas outras famílias que hoje vivem o pesadelo de ver seus filhos e entes queridos detidos em centros de imigração dos Estados Unidos — em condições absolutamente desumanas.


O meu filho, assim como dezenas de outros brasileiros, encontra-se sob custódia do ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA), em um centro chamado US Border Patrol Central Processing Center, no Texas. Trata-se de um local projetado para estadias temporárias de algumas horas, mas que hoje abriga pessoas por dias seguidos, sem qualquer estrutura física ou dignidade básica.


Estamos falando de seres humanos — homens e mulheres — mantidos em celas superlotadas, sem acesso a higiene pessoal, sem banho, com banheiros imundos e insuficientes, dormindo no chão frio, sem cobertores, sem colchões, sem água potável e recebendo apenas um pacote de biscoito e um sanduíche de mortadela por dia. Isso não é protocolo. É tortura silenciosa.


As famílias que tentam obter informações junto ao ICE são tratadas com grosseria, desprezo e mentiras. Mesmo em casos em que há ordem judicial de saída voluntária e passagem comprada, os detidos são retidos, transferidos arbitrariamente entre centros e impedidos de embarcar — sem justificativas, sem explicações, sem humanidade.


Enquanto isso, em várias cidades dos Estados Unidos, como Nova York, multidões protestam contra o avanço do autoritarismo, da mentira institucionalizada e da manipulação do poder. A população americana está nas ruas gritando por justiça e liberdade. Mas quem grita por nós? Quem grita pelos brasileiros invisíveis, encarcerados como se não fossem ninguém?


O silêncio das autoridades brasileiras diante desses abusos precisa acabar. E a imprensa tem um papel essencial nisso. Vocês são a ponte entre a dor da sociedade e a mobilização pública. Precisamos que a imprensa denuncie, investigue, pressione. Precisamos que os rostos e as vozes desses brasileiros não fiquem esquecidos atrás de grades e portões blindados.


Pedimos ao governo brasileiro:


            •           Que cobre respostas do ICE e do governo dos EUA;

            •           Que envie representantes consulares aos centros de detenção;

            •           Que fiscalize as condições de permanência dos brasileiros presos;

            •           Que assegure que acordos judiciais de saída voluntária sejam respeitados;

            •           E que ofereça apoio real e humano às famílias.

 

Enquanto isso, sigo aqui — como tantas outras mães — lutando com as armas que tenho: a palavra, a verdade e a coragem.


E. T. C. B

Mãe de cidadão brasileiro detido nos Estados Unidos


Em tempo: O número de pessoas mantidas em centros de detenção por imigração irregular em todo o país era em média 56.400 ao longo de junho, com quase 72% sem antecedentes criminais.


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