Paralisação do governo dos EUA entra em vigor após o Congresso não aprovar orçamento
- Rádio Manchete USA

- 1 de out.
- 3 min de leitura

WASHINGTON - Os Estados Unidos enfrentam a primeira paralisação do governo desde 2019 após os senadores americanos não chegarem a um acordo na terça-feira, 30, para aprovar uma solução provisória de financiamento que mantivesse a administração funcionando.
O fechamento administrativo do governo, o chamado “shutdown”, entrou em vigor a partir da meia-noite desta quarta-feira, 1, e implica na suspensão de trabalhos não essenciais, razão pela qual centenas de milhares de funcionários públicos ficarão sem salário até que o Congresso chegue a um acordo.
Em votações consecutivas no Senado dos EUA, que refletiram o impasse entre o presidente Donald Trump e os democratas em relação aos gastos, cada partido bloqueou a proposta de gastos paliativos do outro, assim como já havia feito no início deste mês.
Em uma votação de 55 a 45, o plano do Partido Republicano, que estenderia o financiamento até 21 de novembro, ficou aquém dos 60 necessários para aprovação. Os republicanos também bloquearam o plano dos democratas, que estenderia o financiamento até o final de outubro e adicionaria mais de US$ 1 trilhão em gastos com saúde, em uma votação de 47 a 53.
“A base de extrema-esquerda dos democratas e os senadores de extrema-esquerda exigiram um confronto com o presidente”, disse o senador John Thune, republicano da Dakota do Sul e líder da maioria. “E, aparentemente, o povo americano tem que sofrer as consequências.”
Saúde é o maior impasse
Os democratas disseram que estavam firmes em sua determinação de continuar o impasse até que os republicanos cedessem às suas exigências, principalmente na área da saúde, que incluem a revisão dos cortes no Medicaid - programa de assistência de saúde para pessoas de baixa renda - previstos no mega projeto de lei do presidente Donald Trump, aprovado em julho.
“Se o presidente fosse inteligente, moveria céus e terras para resolver esta crise da saúde imediatamente, porque os americanos vão responsabilizá-lo quando começarem a pagar US$ 400, US$ 500, US$ 600 a mais por mês em seus planos de saúde”, disse o senador Chuck Schumer, democrata de Nova York e líder da minoria. “Temos menos de um dia. Se alguma vez houve um momento para Donald Trump e os republicanos levarem a sério a saúde, é agora.”
Trump, por sua vez, emitiu ameaças da Casa Branca, afirmando que, durante uma paralisação, tomaria medidas que seriam “ruins” para os democratas “e irreversíveis para eles, como cortar um grande número de pessoas, cortar coisas que eles gostam, cortar programas que eles gostam”.
Mais tarde, no Salão Oval, o presidente republicano disse que “muitas coisas boas podem surgir das paralisações”, incluindo demitir funcionários federais que são democratas e minar iniciativas que eles apoiam. Em uma paralisação, acrescentou Trump, “poderíamos nos livrar de muitas coisas que não queríamos, e seriam coisas democratas”.
Desemprego Parcial e Prejuízo Bilionário
Segundo o Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA (CBO, sigla em inglês), 750 mil funcionários federais poderiam estar em situação de desemprego parcial, com uma perda de rendimentos equivalente a US$ 400 milhões durante a paralisação.
O último ‘shutdown’, ocorrido de dezembro de 2018 até o fim de janeiro de 2019, durante o primeiro mandato de Trump, durou 35 dias. Naquele momento, o CBO estimou que havia reduzido o Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em US$ 11 bilhões.
Essas paralisações por falta de orçamento são muito impopulares nos Estados Unidos, e tanto democratas quanto republicanos tentam evitá-las, às vezes até o último momento. Ainda mais com a perspectiva das eleições legislativas de meio de mandato em novembro de 2026, nas quais estará em jogo a maioria presidencial no Congresso.
Segundo cálculos dos analistas da companhia de seguros Nationwide, cada semana de paralisação poderia reduzir o crescimento do PIB dos Estados Unidos em 0,2 ponto percentual.
“O governo Trump poderia aproveitar para reduzir ainda mais os subsídios e os executivos federais, apontam, o que representaria uma mudança significativa em relação aos shutdowns anteriores, nos quais os empregados demitidos eram recontratados tão logo quando a situação fosse restabelecida.”
** Com Agências **

.png)



Comentários